Profissionais do Ano Londrina

Ela é uma mulher que vive precisamente da necessidade inexorável de tomar decisões. Sua capacidade exige muita presença intelectiva e também muita sensibilidade. Ela é a Dinaura Godinho Pimentel Gomes, Juíza do Trabalho no Paraná, Doutora em Direito pela Universidade de Roma La Sapienza, com diploma revalidado pela Universidade de São Paulo, Pós-Doutorado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Dinaura Pimentel é natural de Santo Antônio da Platina, porém diz sentir uma identidade muito forte com a cidade de Londrina, pois se mudou para cá aos quatro anos de idade e foi aqui que ela conquistou toda sua formação profissional. "Tudo que sou devo a Londrina. Já rodei meio mundo, mas sempre volto para Londrina. Tenho boas lembranças. Fui aluna do Colégio Mãe de Deus. Formei-me em Direito pela Universidade Estadual de Londrina, em 1974. Fiz doutorado, como bolsista da CAPES, na Itália. Exerci a atividade acadêmica, como professora da UEL, e tudo isso foi um grande aprendizado", afirma. Ingressou na carreira da Magistratura do Trabalho, em janeiro de 1992, sendo Juíza Titular da Primeira Vara de Trabalho de Londrina, desde setembro de 1993. Durante esses anos que vem exercendo a magistratura, dá primazia aos valores éticos e, sobretudo, respeita a Constituição Federal Brasileira. "É preciso fazer com que a lei se amolde à situação fática, mas de modo a fazer justiça. A lei deve ser interpretada à luz da Constituição, que proclama a dignidade da pessoa humana como um dos fundamentos do Estado Democrático de Direito. Se você não se pautar por esse princípio fundamental, tudo cai por terra, até a própria Democracia. O papel do Judiciário, hoje, mais do que nunca, consiste em fazer cumprir os valores e princípios que estão insculpidos na Constituição, a começar pela dignidade da pessoa humana, valorizando a justiça, a solidariedade e a justa distribuição da riqueza", explica Dinaura Pimentel. A juíza tem em quem se espelhar. A mãe, dona Irma Godinho Pimentel, foi um referencial de vida aos filhos. Ela descreve que a mãe era uma fortaleza, voltada aos princípios cristãos. Já o pai, Sebastião Vasconcelos Pimentel, era um homem de pouco estudo, mas de muita sabedoria e formação moral. "Carregava consigo valores fundamentais. Sempre nos orientou que o estudo liberta a pessoa, eleva a alma e eleva o mundo. Fazendo sua parte em termos de educação, você está reformando o mundo. Esses valores ele fez de tudo para repassar aos meus irmãos e a mim." Dinaura tem dois irmãos, Maria de Fátima Pimentel Pereira, assistente social, que mora em Curitiba, e um irmão, Francisco de Assis Godinho Pimentel, sócio-proprietário da empresa Capital Humano, em Londrina. No casamento, Dinaura também foi abençoada. Ela é casada com o Juiz de Direito aposentado e Professor Doutor da Universidade Estadual de Londrina, Sergio Alves Gomes. "Acredito que ele é a minha alma gêmea. Poderíamos ter nos encontrado na Europa, na mesma época em que eu fazia doutorado em Roma, pois ele fazia um curso de pós-graduação em Direito, em Milão. Mas nos encontramos no momento certo, depois, aqui em Londrina. Ele compartilha do mesmo pensamento meu, no âmbito do direito. Eu o considero um jurista muito dedicado. Dá aulas de Introdução e Hermenêutica, no curso de Graduação em Direito. Também ministra aulas nos cursos de Especialização e Mestrado em Direito. Além disso, é autor de vários livros jurídicos e músico. Tem uma voz privilegiada e belas composições. Estamos juntos há 18 anos." Fala, assim, do esposo com orgulho. Apesar de ser uma mulher extremamente voltada aos estudos jurídicos, ainda lhe sobra tempo para escrever. Tem vários trabalhos publicados em revistas jurídicas e em obras coletivas. É autora do livro Direito do Trabalho e Dignidade da Pessoa Humana, no Contexto da Globalização Econômica - Problemas e Perspectivas; e, constantemente, viaja a convite, para dar palestras na área trabalhista. Além disso, ela reserva algumas horas para fazer suas caminhadas, paparicar o irmão Francisco Assis e os sobrinhos, Gabriel e Pedro. Tendo oportunidade, não deixa de ir até Sampa, para ver peças teatrais em cartazes.